Inovação é o desenvolvimento de um novo produto, serviço ou processo que tem como objetivo o ganho de eficiência, eficácia ou vantagem competitiva. Esse processo pode ser de duas formas clássicas: Inovações incrementais ou inovações disruptivas [1]
Inovações incrementais
São aquelas voltadas para melhorar o desempenho de tecnologias estabelecidas, através da sinalização demonstrada pelos clientes habituais nos principais mercados.
Inovações de ruptura ou disruptivas
Trazem ao mercado uma proposição de valor muito diferente daquela disponível até então. Nesse sentido, oferecem atributos que vão despertar novos benefícios aos seus usuários, criando assim uma base de valor que irá sustentar o desenvolvimento de nova arena competitiva.
Como os produtos evoluem?
A evolução dos produtos no mercado se dá, em grande medida, em decorrência das inovações incrementais que melhoram pouco a pouco o desempenho de uma categoria sem causar rupturas com os valores conhecidos pelos consumidores.
Por exemplo, pense na evolução dos automóveis entre o começo do século XX e o começo do século XXI. Houve ganhos significativos na potência dos motores, na economia de combustível, na segurança, no conforto e na durabilidade. Porém, conceitualmente, um carro dos anos 2000 não é diferente daquele dos anos 30. Isso porque alguém que dirige um carro moderno saberia fazê-lo com um antigo. Afinal, os primeiros automóveis já tinham escapamento, que nada mais é do que uma chaminé, e os atuais ainda os têm. Do mesmo moo, os dois queimam gasolina e têm rendimento térmico muito baixo (em torno de 28%).
Você usa um veículo com chaminé, já se tocou disso?
Houve melhorias ao longo do tempo, basicamente devido às inovações incrementais. Estas são as responsáveis pelo processo de evolução “linear” dos produtos. Veja a figura abaixo.

Observando o gráfico podemos notar que as linhas que definem os limites de desempenho entre as extremidades baixa e alta do mercado (linhas verde e amarela, respectivamente) são inclinadas. Elas mostram que os produtos têm uma constante evolução ao longo do tempo. Esta evolução é fundamentalmente empurrada pelas melhorias incrementais.
O espaço azul, compreendido entre os limites de desempenho, é chamado de Envelope de Desempenho. Ele caracteriza o comportamento de todos os produtos de uma categoria ao longo do tempo. Para o exemplo dos automóveis, a área do envelope de desempenho conteria todos os tipos de veículos com motores à combustão ao longo do tempo, desde sua criação até os dias de hoje.
Os carros de hoje
Agora vem a pergunta: onde estão os carros elétricos neste gráfico?
A inovação de ruptura se caracteriza por ter início de uma maneira menos eficiente. Entretanto, com o passar do tempo, ela evolui e supera a tecnologia dominante. Assim, os carros elétricos estão ainda na situação do ponto vermelho abaixo do limite inferior do envelope de desempenho (linha verde). porém, com o tempo e as melhorias que virão, os veículos elétricos deverão superar o limite superior e tomarão a posição do ponto vermelho no alto do gráfico.
Portanto, a inovação de ruptura não aparece vencedora logo de saída ao contrário. Em geral, as tecnologias disruptivas surgem se mostrando mais caras que as tecnologias dominantes e até menos eficientes. Entretanto, com o tempo, dinheiro e expansão da base de uso, a evolução vai torná-la tão superior que naturalmente será a nova tecnologia dominante.
Falar em ser disruptivo hoje em dia é moda e se repete o termo como um bordão, mas entender que inovação de ruptura significa perder dinheiro no começo para no futuro, quem sabe, recuperar é o ponto importante. A Amazon levou dez anos para dar o primeiro lucro.
Inovação é mais do que uma palavra, é uma filosofia que exige preparo financeiro antes de mais nada. As empresas que se propõe a se colocarem no quadrante da inovação devem ter preparo financeiro antes de mais nada.
Também é indispensável saber que inovação não é a única solução para uma empresa ser competitiva, apesar dos modismos e do discurso corrente. É possível sim uma empresa ser altamente lucrativa não se propondo a ser inovadora. Vamos tratar deste tema em um próximo artigo, te vejo por lá.
Referência