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Os termos da moda e seu uso exagerado

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Dia desses eu vi um post da Daniela Diniz onde ela citou o termo que mais escutou este ano. Disruptivo.

Sem dúvida quando alguns termos entram na moda, tem gente que os repete como papagaio em qualquer circunstância. Então vem aquele monte de textos, livros, palestras e produtos de consultoria com estes jargões da moda, buscando vender a ideia como a salvação da humanidade.

Juntam-se as palavras para parecer bem moderno: “Disrupstarts”, “Resilitivo”, “Startiente”, meu pai… quanta imaginação para aparecer informado e atual.

Ninguém mais começa uma empresa, o negócio agora é ter uma Startup. Não há ideias novas, apenas disrupção.

Quando se fala a mesma coisa um milhão de vezes, perde-se a força da ideia ou do conceito. Fico imaginando Gutenberg dizendo que teve uma ideia disruptiva quando criou sua prensa de tipos móveis. E se ao invés de imprimir uma bíblia ele decidisse produzir um texto explicando como as pessoas deveriam ser resilientes?

Resiliência é a energia absorvida na deformação elástica de um material. Uma mola deve ser resiliente não um ser humano. Tenho certeza que uma montanha de pessoas repete o termo sem nem ter ideia do que significa na origem.

Tudo se passa como se nunca tivesse ocorrido inovação e agora o que vale é ser disruptivo. Se você não está por dentro das inovações disruptivas das startups, está por fora do mundo.

Muitos termos da moda foram usados à exaustão, e agora ninguém mais fala neles. Reengenharia, Gestão pela Qualidade, Quebra de paradigmas e por aí vai.

Na década de oitenta as empresas japonesas começaram a se tornar as referências. Qualquer um que quisesse dizer que estava atualizado com as novidades da gestão deveria citar uma companhia com sede em Tóquio, ou arredores, para se mostrar um conhecedor da administração.

Por que esta chatice?

Porque é a moda.

Quer ser atualizado de verdade?

Leia, se informe e filtre o que viu e ouviu. Componha seus próprios argumentos com base em sua cultura verdadeira e não se restrinja à termos e jargões que te são vendidos como pipoca no cinema. Não se baseie nas modas, mas ao contrário vá atrás de conceitos mais perenes.

Peter Drucker, um dos mais importantes autores na área de gestão, não viveu e nem trabalhou no Vale do Silício. Ele passou boa parte de sua carreira dando aulas na Claremont Graduate University. Hoje em dia não tem glamour dizer que foi estudar em Claremont e nem citar a vasta, atual e tremendamente aplicável obra de Drucker. O negócio é ter uma Startup disruptiva.

Tem que ser muito resiliente para aguentar estes modismos.

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