Inovação. Esta é a palavras mais usadas nos meios corporativos atualmente. Fala-se sobre isso quase todos os minutos d nas mais diversas esferas administrativas e para todos os ramos de atividade. De fato, inovar é uma demanda mais do que necessária, mas engana-se quem pensa que é uma exigência recente.
TEORIAS DA INOVAÇÃO DO SÉCULO PASSADO
Já no início do século XX Schumpeter defendia que a inovação e a mudança ocorrem por meio de um espiral de atração mútua (clusters) onde um empreendedor de sucesso atrai outro empreendedor e assim os efeitos são multiplicados[1]. Em suas teorias de inovação Joseph Schumpeter defendia que inovação seria a introdução comercial de um novo produto ou “uma nova combinação de algo já existente”, (Apud[1]).
Logo após a segunda guerra mundial Genrich Altshuller, um inventor russo, se colocou a pensar em um método para facilitar a busca por soluções de problemas técnicos. Seu trabalho de pesquisa foi desenvolvido através da leitura de milhares de patentes tecnológicas durante anos.
Altshuller teve tempo para ler tantos documentos pois tinha sido enviado para uma prisão por 25 anos na Sibéria. Isso é o que chamo de aproveitar os problemas para gerar soluções. Ele foi sentenciado à prisão por Stalin, justamente porque teve o atrevimento de criticar o modelo de educação e apresentar uma proposta para inserir mais aprendizagem de criatividade aos jovens da União Soviética. Aí está uma boa intenção que não terminou bem.
O resultado deste enorme trabalho de pesquisa foi uma a Teoriya Resheniya Izobretatelskikh Zadatch -TRIZ ou em inglês Theory of Inventive Problem Solving ou em português Teoria de Resolução de Problemas Inventivos.
O espírito inventivo de Genrich Altshuller já vinha de sua adolescência ou até antes disso. Ele nasceu em 1926 na União Soviética em meio a Revolução Bolshevik e já aos 14 anos inventou, desenvolveu e testou um dispositivo que gerava oxigênio a partir de peróxido de hidrogênio e aos 16 recebeu seu primeiro certificado de autoria (modelo soviético para as patentes) por esta invenção.
A TRIZ classifica inovação em cinco níveis:
Nível 1 – Melhoria de um sistema existente
Por exemplo: aumentar a espessura das paredes de uma casa para melhorar o isolamento térmico.
Nível 2 – Inovações simples
Por exemplo: melhoria do sistema de suspensão de um carro para aumentar estabilidade.
Nível 3 – Grandes inovações
Por exemplo: desenvolvimento da transmissão automática em carros.
Nível 4 – Criação de novos conceitos
Por exemplo: limpeza de superfícies com uso de ultrassom.
Nível 5 – Novo fenômeno é descoberto
Por exemplo: a criação do Laser e do Transistor.
A tabela abaixo mostra como as inovações se distribuem segundo seus níveis., segundo a TRIZ. Como era de se esperar as mais simples são as predominantes.

Umas das mais importantes conclusões que Altshuller chegou com a leitura das milhares de patentes foi a de que a maioria das inovações recaem sobre 4 grandes áreas do conhecimento, ou seja: mecânica, química, eletromagnética e termodinâmica. Ele notou ainda que a inovações nos níveis 1, 2 e 3 são frequentemente transferíveis de uma disciplina para outra. Isto significa que algo em torno de 95% das invenções foram solucionadas fora do seu campo de conhecimento.
Problemas elétricos podem ser resolvidos com raciocínios vindos da mecânica ou da química, por exemplo.
A conclusão mais importante para o desenvolvimento da TRIZ foi a de que soluções iguais foram utilizadas várias vezes em invenções de ramos e em tempos diferentes. Segundo as conclusões do pesquisador, se meios de acesso aos princípios fundamentas de soluções para problemas técnicos forem disponibilizados, o tempo para o desenvolvimento de inovações será muito menor.
Acesso aos princípios fundamentais de soluções reduz o tempo para a inovação
A Teoria de Resolução de Problemas Inventivos se baseia no conceito das contradições, em outras palavras: quando melhorar o parâmetro A de um sistema significa deteriorar a parâmetro B.
O ato de desenvolver uma inovação consiste na remoção de contradições existentes no processo.
Para se desenvolver uma metodologia capaz de suportar o desenvolvimento de uma inovação, deve-se identificar as contradições.
Premissas da TRIZ
Para o uso da metodologia TRIZ, o conjunto de premissas proposto por Altshuller é:
- O design ideal é a meta;
- A determinação exata das contradições ajudam a solucionar o problema;
- O processo de inovação pode ser estruturado de forma sistemática;
- Inspiração não precisa ser necessariamente randômica;
- Aplicação de soluções comuns melhoram e aceleram o processo de inovação.
Olhando as demandas por inovação que temos hoje, a aplicação da TRIZ pode ser uma boa ferramenta. Para tal existem as seguintes ferramentas que Genrich Altshuller desenvolveu e publicou:
- 40 Princípios Inventivos;
- ARIZ;
- 4 Princípios da Separação;
- Análises de Campo-Substância – S-Field Analysis;
- 76 Soluções Standard;
- Efeitos Naturais – Scientific Effects;
- Padrões de Evolução;
A teoria em si não é de difícil compreensão e o entendimento das ferramentas também é bastante simples. A aplicação exige disciplina e profundidade do conhecimento técnico.
Organizações como NASA, Siemens, General Motors, Procter & Gamble, Schneider Electric, BMW, Apple, Samsung e muitas outras usam TRIZ em seus processos de inovação. Para citar os resultados obtidos via o uso da TRIZ, vejamos o caso da Samsung que entre 1998 até 2004 obteve resultados advindos do uso da TRIZ em valores de US$ 249 milhões e depositou 152 patentes[2]
Com o uso da TRIZ a Samsung obteve inovações que resultaram em US$ 249 milhões e 152 patentes
Caso tenha interesse em aprender mais, recomendo a leitura de um dos livros do próprio Altshuller[3]. Há muitos outros, mas este é uma excelente introdução ao método e de fácil leitura.

Referências
[1] S. R. D. Varella, J. B. S. de Medeiros, and M. T. da S. Junior, “INOVAÇÃO SCHUMPETERIANA,” XXXII ENCONTRO Nac. Eng. Prod., 2012.
[2] V. Krasnoslobodtsev and R. Langevin, “Applied TRIZ in high-tech industry,” Proc. TRIZCON2006, …, no. April, pp. 1–8, 2006.
[3] G. Altshuller, And Suddenly the Inventor Appeared. Triz, the Theory of Inventive Problem Solving. Technical Innovation Center, 2004.
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